Produção literária – alunos da 3ª EM
Durante as aulas de literatura, os alunos da 3ª série do ensino médio, produziram poemas de estilo medieval como forma de melhor compreender a poesia do Trovadorismo, movimento literário que se estende desde 1189 até 1418 d.C.
Nesse período, a poesia era sempre acompanhada da música, e chamavam-se cantigas. Essas cantigas podiam abordar temas variados, dentro de dois modelos: havia as cantigas líricas (de amor e de amigo) e as cantigas satíricas (de escárnio e maldizer). Essas últimas chamam atenção, pois revelam como a provocação, a fofoca e a intriga estão presentes na cultura ocidental há muito tempo: as cantigas satíricas eram produzidas para ridicularizar, expor e criticar uma pessoa, e normalmente circulavam nas festas e bailes das cortes da península ibérica (região de Portugal e Espanha).
E para treinar a veia escritora que existe em cada um, os alunos tiveram a chance de colocar os conhecimentos à prova.
Confira alguns textos produzidos por eles:
Cantiga de Amigo
Não faz sentido algum eu pintar as paredes
do quarto de azul.
Não adianta mudar de cor
se não amenizar essa dor.
Você sabe que nada adianta
mudar os móveis de lugar
ou até mesmo a essência dor ar:
me deixe aqui, com sua lembrança
que é o pouco que eu posso ter
este pouco é toda minha esperança
que me resta para viver.
O vazio, meu bem, eu ainda consigo preencher
com nossas cartas antigas, com suas velhas cantigas
mas a saudade se estampou
no meu jeito de viver
meu amor, eu jamais vou te esquecer.
(Giovanna Aib)
Cantiga de Amor
O amor é uma droga tóxica demais
É um fogo que arde, machuca
Por muitas noites sonhava contigo
Agora seu amor é meu pior inimigo
Nas noites estreladas, observo a janela
A neve caindo junto a ela
Percebo em meu rosto uma lágrima cair
Junto dela, os momentos que me fez sorrir
Como diz o ditado: tudo que é bom dura pouco
E ao seu lado, meu amor ficou seco, oco
Um sentimento sem cor, sem vida
Que em minha mente passa despercebida.
(Beatriz Serafim)
Cantiga de Maldizer
Você diz ser minha amiga
Mas no fundo é uma fingida
Porque amigas têm que cuidar
Você só sabe me provocar
Nas frente dos outros só sabe me criticar
Mas quando precisa de mim
no meu ombro vem chorar:
sempre foi assim, e vai ser até o fim
fingida, pra longe de mim!
(Larissa Eri)
Cantiga de Amigo
Quando te vejo
sinto o desejo
de me abrigar em seu calor
assim percebo seu valor
Sua ausência
magoa meu coração
Que usa a consciência
pra não sentir a solidão
procuro pelo mapa
de ponta à ponta
você me escapa
e me desmonta
e ter você comigo
meu grande amigo
sem hora pra voltar
mas ver o tempo passar
(Isabela Biasetto)
Cantiga de maldizer
Oh, menina de cabelo vermelho,
por que não se olha no espelho?
Você pensa que é grande coisa
pois te direi outra coisa:
Seu ego é irritante
pare com isso por um instante
Acha que todos te amam
mas por trás, todos reclamam
Se finge de vida louca, favelada
mas na verdade é uma mimada
Diz por aí que beija bem:
linda, nem boca você tem!
Pensa que é o centro do mundo
Seja menos! Por um segundo.
Adora falar que é magrinha
mas olha essa barriguinha.
A dona da razão
puxou minha amiga pela mão
Como consegue ser tão chata assim?
O “ranço” tomou conta de mim!
(M. C. Battazza)
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