Washington Luís: Processo de formação da República brasileira

(texto de W. Luís do início da república brasileira):

            Esse foi o pronunciamento do então ex-secretário de segurança pública e futuro presidente da República Washington Luís (1869-1957), sobre a Várzea do Carmo (atual Parque D. Pedro), região do centro da cidade de São Paulo que abrigava grande parte da população negra que havia ficado sem provisões desde a abolição da escravatura. Este texto se insere no contexto da “demonização” do negro na República do Brasil, que o professor André Bacci discutiu em sala com os alunos da 3ª série do ensino médio, e do consequente fomento por um branqueamento da população, levado a cabo pelas políticas de favorecimento à imigração europeia na primeira metade do século XX.

         “É aí que, protegida pelas depressões do terreno, pelas voltas e banquetes do Tamanduateí, pelas arcadas das pontes, pela vegetação das moitas, pala ausência de iluminação se reúne e dorme e se encachoa, à noite, a vasa da cidade, numa promiscuidade nojosa, composta de negros vagabundos, de negras edemaciadas pela embriaguez habitual, de uma mestiçagem viciosa, de restos inomináveis e vencidos de todas as nacionalidades, em todas as idades, todos perigosos. É aí que se cometem atentados que a decência manda calar;  é para aí que se atraem jovens estoviados e velhos concupiscentes para matar e roubar, como nos dão notícia os canais judiciários, com grave dano à moral e para a segurança individual, não obstante a solicitude e a vigilância de nossa política. Era aí que, quando a polícia fazia o expurgo da cidade, encontrava a mais farta colheita.”
(Washington Luís, 1919)

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